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80% dos municípios brasileiros não têm acesso a profissionais de psicologia

A saúde mental no Brasil sempre enfrentou obstáculos históricos, com os primeiros atendimentos caracterizados por tratamentos desumanos, como camisas de força e eletrochoques. Durante a reforma psiquiátrica iniciada nos anos 1980, houve avanços no atendimento, com a redução das internações em hospitais psiquiátricos e o fechamento de diversas instituições. O Sistema Único de Saúde (SUS) assumiu a responsabilidade pelo cuidado em saúde mental, mas as limitações estruturais e o subfinanciamento impactaram a expansão dos serviços, prejudicando o acesso universal prometido.

Atualmente, a distribuição de serviços de saúde mental no Brasil é profundamente desigual. Enquanto as regiões mais ricas, como o Sudeste, concentram maior parte dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e profissionais especializados, áreas mais pobres, como o Norte e o Nordeste, sofrem com uma oferta limitada. A falta de psicólogos no SUS é uma questão crítica, segundo o Conselho Federal de Psicologia, 80% dos municípios brasileiros não têm acesso a esses profissionais, o que reforça a diferença entre aqueles que podem arcar com serviços privados e os que dependem exclusivamente do sistema público.

Além disso, a diferença entre o atendimento público e privado é evidente. A rede particular oferece consultas mais rápidas e uma maior quantidade de profissionais, mas apenas 25% da população brasileira possui plano de saúde. No SUS, a espera por consultas é longa, e o número de CAPS é insuficiente para atender à demanda, mesmo em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, onde os serviços estão sobrecarregados. Essa desigualdade de acesso também reflete a disparidade econômica do país.

A pandemia de COVID-19 exacerbou essas disparidades. O aumento na demanda por serviços de saúde mental sobrecarregou ainda mais o SUS e dificultou o acesso ao atendimento privado, especialmente entre populações vulneráveis. Em um cenário onde mais de 70% da população depende do SUS, a desigualdade no acesso à saúde mental continua sendo um dos maiores desafios a serem enfrentados pelas políticas públicas de saúde no Brasil.

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